Esse é um dos filmes de Stanley Kubrick que eu mais gosto. O roteiro é baseado no livro de Gustav Hasford. Não é a toa que foi considerado um dos grandes filmes sobre a guerra do Vietnã, junto com Platoon e Apocalypse Now, e definitivamente é um dos melhores filmes do cinema na década de 1980, com uma posição que pode ser interpretada como sendo anti-guerra.
Esse foi o penúltimo filme da carreira de Stanley, e denota uma das marcas mais características dele - o tema da desumanização. Aqui, ela é vista nos fuzileiros navais novatos, que enlouquecem no rígido treinamento físico que recebem e também no campo de batalha.
O título original é Full Metal Jacket e é inspirado num tipo de munição militar, e que o projétil de chumbo é envolvido por uma liga metálica mais resistente.
O filme foi muito elogiado e é costumeiramente enunciado como um dos melhores trabalhos de Stanley Kubrick, mas não está isento de críticas. Muitos acreditam que ele perdeu um pouco do seu impacto graças ao lançamento de Platoon lançado apenas um ano antes. Outros pensam que o filme em si é desequilibrado, alternando grandes momentos com cenas poucos inspiradas.
À época de seu lançamento, chamou muita atenção o duríssimo treinamento exigido dos fuzileiros navais, sob constante humilhação verbal vinda de seus superiores. O ator que interpretou o nada gentil sargento Hartmann, R. Lee Ermey, fora um fuzileiro na vida real e se inspirou em seus tempos como militar para criar o personagem. Outro fator de importância é o uso do humor negro, particularmente com os frequentes deslizes do soldado Lawrence, a verborragia do sargento Hartmann e com os comentários politicamente incorretos do soldado Animal Mother quando em ação no Vietnã. Um último fator que despertou interesse foi o simbólico uso das dúas últimas canções ouvidas no filme, de motivações completamente distintas. O filme termina com os fuzileiros cantando uma animada música sobre Mickey Mouse, mas logo em seguida, durante os créditos finais, é possível ouvir a sombria Paint It Black, dos The Rolling Stones.
Eu particularmente acho o filme ótimo, total a cara de Kubrick e por isso não acho que falte nada.
- Sinopse
O filme basicamente pode ser dividido em duas partes bastante diferentes, ambas narradas desde o ponto de vista do soldado Joker (recruta gaiato), chamado assim pelos companheiros pelo estilo sarcástico de humor – seu nome jamais é confirmado durante o filme, embora suspeite-se que seja Lewis.
A primeira metade mostra o ingresso de jovens americanos na Academia dos Fuzileiros Navais, em preparação para serem enviados à guerra do Vietnã. Lá, eles passam para a tutela do sargento Hartmann, um militar linha-dura que exige que seus comandados estejam no seu primor físico e que carrega um forte orgulho de ser um fuzileiro. Entretanto, um dos novatos, Leonard Lawrence, claramente não está apto para o serviço militar, devido ao seu elevado peso e ao seu comportamento desajeitado. Lawrence comete equívocos constantemente nos treinamentos, a ponto de enervar seu instrutor e seus companheiros. Certa noite, estes decidem vingar-se e golpeiam fortemente o soldado para que este se dedique mais aos exercícios. A partir daí, Lawrence passa de um soldado medíocre a uma verdadeira máquina de guerra, ao mesmo tempo em que desenvolve uma personalidade psicopata, a ser exteriorizada no final desta primeira parte em uma infame cena ocorrida no banheiro do quartel.
Na segunda parte do filme, vemos o soldado Joker (gaiato) já no Vietnã, trabalhando para a agência de notícias militar. Ele tenta trabalhar com as matérias jornalísticas de um modo a deixá-las mais reluzentes para seus leitores, usando eufemismos e inclusive inventando fatos para motivar os soldados que questionam a presença de tropas estadunidenses na Ásia. Entretanto, Joker ainda não teve a oportunidade de estar em um combate, até que, ao reencontrar seu antigo amigo, o soldado Cowboy, ele passa a caminhar com um destacamento que se envolve diretamente nos conflitos. Durante esta parte do filme, são vistos algumas opiniões dos soldados sobre o envolvimento dos Estados Unidos no Vietnã, bem como o tratamento que os militares davam aos nativos.
- Fotografia e Diretor de Fotografia
Douglas Milsome é o DF do filme. Na época de 70, trabalhou para Stanley como operador de câmera e fotógrafo de segunda unidade, e tornou-se oficialmente diretor de fotografia de Kubrick após seu excelente trabalho em outro filme de Kubrick - Barry Lyndon - onde ficou conhecio por seu domínio de técnicas de foco difícil, testado especialmente com as lentes idiossincrático as cenas de cinema à luz de velas.
Douglas fala sobre 'Nascidos para matar': "As tomadas não são apenas repetições da mesma coisa, são muitas vezes baseadas a um tema ou uma idéia que pode amadurecer e se tornar algo de extraordinário. Toda a estrutura da cena pode realmente mudar durante a operação de filmá-lo ao ar livre. O grande número de tomadas feitas para, principalmente, conseguir alguma coisa fora dos atores que na hora não estavam dispostos a fornecer de imediato, foram altas. Houve ocasiões em que fomos um pouco além de 25 ou 30 takes, que geralmente não é a média e sim de 10 a 15."
- Curiosidades:
*O ator Vincent D'Onofrio ganhou mais de 30 quilos para poder interpretar o Recruta Gomer Pyle em Nascido Para Matar.
*A contratação de R. Lee Ermey para atuar como o Sargento Hartman em Nascido Para Matar ocorreu de forma inusitada. Demitido do cargo de consultor do filme sobre como treinar os soldados no estilo dos fuzileiros navais, ele fez uma demontração pessoal, via videotape, onde durante 15 minutos seguidos demonstrava como deveria agir um sargento durante o processo de treinamento de novos recrutas. O diretor Stanley Kubrick ficou tão impressionado com sua performance que resolveu contratá-lo para interpretar o próprio Sargento Hartman no filme.
*Pouquíssimas são as vezes em que R. Lee Ermey pisca os olhos enquanto está em cena.
*O ator R. Lee Ermey sofreu um acidente durante as filmagens de Nascido Para Matar. Ao dirigir um jipe às uma da madrugada ele sofreu um acidente que fez com que fraturasse todas as costelas de um lado do seu corpo. Em algumas cenas do filme, por causa deste acidente, Ermey estava impossibilitado de mover um de seus braços.
*Na parte do filme em que os fuzileiros já estão na Guerra do Vietnã, podem ser notadas algumas referências ao personagem Mickey Mouse em diálogos, canções ou simples figuras impressas em papéis.
*As cenas do filme ocorridas na cidade em ruínas de Hue na verdade foram rodadas numa construção das docas de Londres, que já estava com sua demolição agendada.
*Já perto do final do filme, quando Cowboy solicita os reforços de tanques via rádio, a voz de Murphy, o recruta que retorna sua ligação, é nada mais nada menos que a voz do próprio diretor Stanley Kubrick.
*Para escrever o roteiro de Nascido Para Matar Stanley Kubrick recebeu a ajuda de Michael Herr, um grande amigo seu que ajudou principalmente na parte do filme cuja ação ocorre já no Vietnã. Herr auxiliou Kubrick com suas experiências como correspondente de guerra junto aos fuzileiros navais, já que, assim como Joker e Rafterman no filme, ele tinha livre acesso por todo o território dominado pelo exército americano.
Também adorei... faz tempo que assistí... mas se não me engano tem uma parte ótima em que o sargento elogia o Lee Harvey Oswald por ter dado 3 tiros no Kennedy com um fuzil... Um ótimo fuzileiro. Há!
1 comentários:
Também adorei... faz tempo que assistí... mas se não me engano tem uma parte ótima em que o sargento elogia o Lee Harvey Oswald por ter dado 3 tiros no Kennedy com um fuzil... Um ótimo fuzileiro. Há!
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