Eu já assisti esse filme umas 15 vezes e toda vez, vejo algo diferente. Para mim, esse é um dos melhores filmes brasileiros que já assisti e definitivamente o melhor da carreira de Rodrigo Santoro - apesar de agora ser um "astro" de Hollywood, não é mesmo? Mas o personagem de Gero Camilo é o meu favorito, é simplesmente brilhante a interpretação dele. Fica difícil não acreditar que ele é louco de verdade.
Não acho a fotografia excepcional, mas é boa, por isso vou postar o filme do mesmo jeito! O filme é bem completo. A trilha sonora é ótima, e o cantor Arnaldo Antunes e André Abujamra foram ótimas escolhas para realizarem a trilha do filme. As músicas narram exatamente o que se passa na cabeça do personagem de Rodrigo Santoro. O roteiro é bom - gosto muito de filmes com histórias reais.
Trailer:
Making Of:
- A História Real:
Em 1974, o pai de Austregésilo Carrano achou um cigarro de maconha numa jaqueta do filho e resolveu interná-lo num hospital psiquiátrico. Mesmo sem nunca ter recebido um diagnóstico, ao longo de três anos e meio, Carrano - então com 17 anos - passou por diferentes instituições de internação, recebeu doses pesadas de drogas terapêuticas, enfrentou vinte e uma sessões de eletrochoque, foi diversas vezes amarrado e passou por uma série de outros maus tratos. Essa via-crúcis foi relatada pelo próprio Carrano no livro O Canto dos Malditos, que deu origem ao filme brasileiro O Bicho de Sete Cabeças, em que seu papel é interpretado por Rodrigo Santoro.
Em vez de receber uma indenização, Carrano chegou a ser condenado a pagar R$ 30 mil a um dos médicos citados no livro e ainda viu O Canto dos Malditos ser censurado por mais de dois anos. Hoje, o ex-paciente é representante nacional dos usuários dos serviços de saúde mental junto ao Ministério da Saúde e um dos mais ativos militantes da luta anti-manicomial no Brasil. "É mais fácil faturar em psiquiatria que em Rock´n Roll ou jogar no Barcelona", ele afirma, sempre num tom implacável para com o que chama de "chiqueiros psiquiátricos".
- Diretora do Filme:
Laís Bodanzky, é a primeira mulher cineasta a aparecer por aqui. Ela teve muita dificuldade de conseguir recursos para o filme, pois a maioria das empresas não queria ter o nome vinculado a um filme que falava sobre drogas, preconceito e hospícios. Entretanto, ela conseguiu e deu um tapa na cara das empresas ganhando diversos prêmios. Ela não produziu muitos filmes, na verdade os únicos que conheço é esse e "Chega de Saudade" com a belíssima Betty Faria. Seu próximo longa está previsto para 2010, chama-se "As Melhores Coisas do Mundo", e terá no elenco Denise Fraga, Paulo Vilhena e Caio Blat.
- Fotografia do Filme:
A estética documental do filme exigiu um grande esforço da equipe de fotografia, comandada por Hugo Kovensky, cujo trabalho foi premiado no 33° Festival de Brasília. Se repararmos bem, a câmara estava quase sempre à mão. Nada de carrinhos de filmagem ou tripés. Tudo feito como se estivessem rodando um documentário. Este movimento deixa o espectador na posição de personagem, e isso é bem bacana. A imagem e o já citado som andam de um lado para o outro, mostrando tudo o que se tem à sua volta. Em certo momento, por exemplo, ela passeia com sua câmera pelo pátio de um manicômio, onde diversos internos perambulam desesperançadamente (um deles chega a encarar a lente com um sorriso distante), e o grau de realismo é tão grande que o espectador chega a acreditar estar vendo pacientes psiquiátricos.
O vídeo abaixo não é só sobre o nosso diretor de fotografia do dia, mas é um vídeo bem legal com 54 dos melhores diretores de fotografia do Brasil. É bem legal:
- Curiosidades:
Uma coisa bem legal sobre a Laís, é que ela e seu marido, Luiz Bolognesi (roteirista do filme "Bicho de Sete Cabeças), mantêm um projeto desde 2005 de exibição gratuita dos filmes brasileiros , chamado Cine Tela Brasil, o projeto é mantido com o total apoio cultural. Dentro de um caminhão, o Cine Tela Brasil consiste em uma grande tenda de 13m x 15m, onde são instaladas 225 cadeiras, equipamento profissional de projeção e até ar-condicionado. Toda a estrutura é montada e desmontada a cada visita da galera.
O filme foi editado na Itália, mas como dizia Laís, o filme era totalmente voltado para o público brasileiro.
2 comentários:
Muito bom!!!
Otima seleção de filmes até agora!
Falta the Wall, mas tenho certeza que vc ira providenciar o mais rapido possivel!
Amo!
Esse filme em especial me fez ver o cinema brasileiro com bons olhos.
Bjo Daah
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